segunda-feira, dezembro 04, 2006

Tornemos então este blog um pouco mais íntimo, caso vos ocorra que deste lado jaz uma alma que na verdade existe (não muito, mas existe).

É real, por muito estranho que pareça, nós somos reais, dentro de uma realidade que nós inventamos, e uma vez que a inventamos não é verdadeiramente real.
Mas podemos dizer que existimos, eu existo pouquinho. Quando comparada com verdadeiras existências adolescentes cheias de esplendor e pululância, repletas de emoções, de odeios e de amos, a minha existência é bastante medíocre. Mesmo assim existo, repleta de tédio, ócio, sonolência e preguiça.
Pouco mais há a dizer: é completamente impossível definir um ser humano, muito menos um que tenha cerca de dezasseis anos.

Um poema (uma coisita), desta vez meu.

Elogio à preguiça

Tão afortunado objecto
que não tens de te mexer
e ficas morto todo o ano
a teu bel-prazer

dá-me um pouco dessa imobilidade
mata-me, porque não sou capaz de o fazer

morta, tudo será fácil
adormecer para sempre
com a deliciosa certeza
de nunca mais ser incomodada
para mexer um músculo

Que ameaça tão tentadora
Um ócio pleno e eterno.


Bons dias, boas tardes, boas noites, bons crepúsculos e bons lusco-fuscos.